20.4.13

O Mar Que Me Matou


No teu mar me afogaste
E entrei no teu paraíso
Julguei que lá me amaste
E eu tanto tempo indeciso...

Que em altas marés me sacudiste
E ao luar os segredos que contei
Rezei por uma vida que destruiste
A vida que acordado tanto sonhei...

Aqueles momentos em que via a magia
Aquele teu toque como feitiço ficou
Nunca te disse a alegria que sentia
Nunca te disse a avidez que o vento levou...

Atiraste tudo ao mar com avulsão
Fiquei parado a ver-me quebrar
Sem conseguir sequer parar o coração
Sem que as lágrimas me afogassem no mar...

Foste como flor que fraquejou
Que com despeito criou falsidade
A tua marca que em mim sempre morou
Sempre por amor e por amor com ansiedade...

Sinto-me tonto às voltas no teu mundo
Que destas praias não sou bem-vindo
Pertenço ao meu lago profundo
E para lá sigo sozinho e caindo...

Não te peço que perdoes
Nem permito a tua ajuda
Morrerei por ti num mundo sem cores
Levitarei o som da surdez em boca muda...

Para lembrar que um dia já te amei
Para recordar o teu mar sempre lindo
Será último este amor pelo qual lutei
É aqui que paro de sonhar e então eu findo...

Para saberes que foste a razão da minha vida
Para acreditares no meu puro e breve amor
Vou continuar como se a vida já estivesse lida
Vou acabar a sonhar contigo e lembrar a tua dor...

Só para que digas e saibas no teu recanto
Que um dia alguém tão arduamente te amou
Vou ficar sozinho e sozinho morrerei no meu manto
Porque tens o meu coração e por ti nunca parou...

(2006, numa fase que já não conheço...)