5.4.06

Arder por dentro

Lerias tu a minha alma ensanguentada
Encontrarias o poço da felicidade?
Verias que para além de mim não há nada,
Enquanto morrias farta de maldade?
Ensinei-te a sofrer com calma e sem dor
Senti contigo a falta de sinceridade
Umas vezes ao frio, outras ao calor
Até que quebraste a mentira da verdade
Viveste um mundo de chamas congeladas
E mostraste-me um conhecimento que não praticas
Ocultaste as armas com que me matavas
Tanto tempo e que tão bem tu imitas!...
Eu fui só um tempo livre para ti
Um só mais um que enganaste
Morri aos olhos da cega que não vi
Orgulhosa do tempo que com tempo brincaste
Mostra quem és e quem no fundo sempre existiu
Eleva ao pecado essa dama sem respeito
Não teimes em ficar com o interior que te mentiu
Teima antes em solta-lo e acabar com o mal que está feito
Ouve a tua propria mente que te chama
A voz pura que no fundo ainda ficou
Raízes de alguém bom que tu e a ti te ama
De outros tempos que tudo e a ti te amou...
És fraca e forte, louca e viva
És quente e fria, amarga e doce
Mistura a minha voz muda ao que te diga
Faz o que foi como se feito já fosse
Ou detesta o que em ti és mal
Gostas do bem que é no fundo teu e teu somente
Ou mistura na alma um pouco de sal
Como fervilha o mar com ele fervilhará a tua mente!
Onde te foste meter que da vida não vês nada
Muitos rejeitariam esse teu solitário fim do mundo
Onde te foste tu meter, que da vida te viste cercada
Sinto que o teu corpo é morte, em calor profundo...
Esquece, perdeste-te para sempre
Num lugar que conheces bem
Tinhas tudo para olhar em frente
Impediste com o mal que o bom fosse alguém
Mente e continua a ser só tu sozinha
Encontra outra atitude de ruína
Noutro dia
Todos os dias dentro de ti
Onde a tua alma e na tua alma nunca se ilumina..

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