18.4.06

Inimigo do amor

Continuo a flutuar imponente
A percorrer os segredos da mente
São apagados corações que ardem em fogo d'água
Tentações secas e queimadas pela mágoa
Pouco há a fazer ou a dizer
E o pouco que se faz acaba por desaparecer...
As lágrimas afogam-se com dor em demasia
E a felicidade volta noutro pior dia...
Já não se escolhe com quem se está
Não importa ser boa ou pessoa má
A amargura consome quem por amor se isola
E aos fracos aperta tanto que agasola...
Perdeu-se o sentido de viver por alguém
No amor já ninguém conhece ninguém
Nasceu a loucura da aventura
E o colapso que tantos corações fura...
Poderemos estar de olhos fechados,
Dar distância sentindo que somos amados?
Poderemos descansar com este perigo,
Pensar que amar é ganhar um inimigo?...

13.4.06

Digo o que penso

Digo que nunca,
Digo mais uma vez...
A tua face não desvaneça para sempre
Digo que amar,
E por ti lutar...
É ter prazer e fogo louco sempre ardente!
Digo que passou,
Digo o que ficou...
Relembro tudo o que quis conhecer
Digo amor,
Digo que sem dor...
Não se põe à prova o que se pode merecer!
Digo que nem sempre,
Digo à tua frente...
Consigo soltar palavras que nunca ouviste
Digo que amei,
E por ti lutei...
Mas o baú dos segredos nunca o abriste...
Digo-me culpado,
Digo-o apaixonado...
É tão dificil tentar e conseguir falar
Digo que amar,
E por ti lutar...
É mais daquilo que podia esperar!
Digo que sim,
Digo que não...
Não sei se amar-te será sempre ilusão
Digo amor,
Digo que sem dor...
Não se consegue atingir um bom coração...
Por ti,
Por mim,
Levava o mundo ao fundo da doce dissuloção
Porque sim,
Porque quero,
Sou doente, viciado em ti como desnorteado turbilhão
Por tudo,
E em tudo,
Faço como se estivesses sempre do meu lado
Porque sim,
Porque quero,
Poder tudo fazer sem que saia magoado
Porque existes,
Porque és tu,
Eu estou feliz e dou tudo o tenho a dar
Porque sim,
Porque quero,
Esta amizade crescente poder imortalizar...
Porque és o meu sol,
Porque és tudo para mim,
Eu faço o que for preciso para te adorar
Porque sim,
Porque quero,
Ter sempre a amizade que tanto me faz amar...

12.4.06

Viver no passado

Bem desse mal que bem te consome e tem
Real esse falso atributo que só a ti convém
Imposto e dado por alguém que não é ninguém
Levado e atado por ninguém que julga ser alguém
Horas te mentem e te fazem suar sem calor
Atrás de um passado que só te trouxe mágoa e dor
Rumaste ao mesmo sitio e seja para ti o que o futuro for,
Não largas essa teimosia de sofrer por amor!
Olhas bem o futuro mas o passado te consome
Escolheste avançar na mente o passado que em ti dorme
Secaste ao vento e o vento te matou a fome
Com nenhumas lágrimas desse cúmulo enorme...
Um dia vais perceber e tentar continuar
Ruínas desse tempo vão-te ainda querer mostrar
O brilho que no escuro fizeste acordar
Além do sono infernal que te acabou por matar
Continuas e acreditas num mau passado
Orgulhaste de teres sido sempre mal-tratado
Ridiculo, absurdo e fervil fardo
Dares a ti o mesmo sol que te havia queimado...
Ainda estas a tempo de igualar o teu presente
Ruma a norte e anda em tom crescente
Ainda estas a tempo de esquecer quem te mente
Dares a ti um sol que te dê vontade de olhar em frente
Olha e vê só essa causa que te atinje e magoa
Rastejas no céu como mortal que nem é pessoa
Mais que isso é esquecer a vida má e brilhar na boa
Impõe a tua regra,
Regressa ao teu presente que tudo tem e nada escoa...

11.4.06

Deixar acontecer...

Parei o tempo e o mundo parou
Ondulei o vento e a maré mudou
Risquei o mal e plantei corações
Quis banir sangue e criar tentações
Um mais e melhor que qualquer dia
E outro menor e mais longo me fujia
Outro amor que anoiteceu e quis ver
Algo melhor que ao luar foi acontecer...
Melhorou o canto que acordou na terra
Orgulhou o dia e a noite que a encerra
Rimei como se o longo caminho fosse estreito
E com a mão dei asas aos seres que trago no peito
Amarei o mar que trago na secura deste lugar
Marcarei o sol com belos enchentes de luar
A suave tradição de me querer despertar
Incapacita-me na má hora e farto-me de amar...
Ouvirei o que a saliva tiver para dizer
Rir-me-ei do choro que a felicidade me faz perder
Fartei-me de não poder tudo contar
Estou solto e livre e quero poder amar!
Libertei da terra as sementes da dor
Incluí na minha história o teu doce sabor
Com tudo o que nada me alcançou e fez cair
Invadi um espaço louco que quero fazer fluir
Dei o que tinha e o que não tinha
A única solução não é só minha
Dei amizade, loucura e poder querer
E hoje sei que amar é deixar acontecer....

7.4.06

Dedicatória

Percorro um caminho escolhido
Num imenso acontecimento
Único do nascer ao falecido,
A vida que é só um grande momento
Ando por um caminho que parece nunca acabar
E não encontro desvios ou cruzamentos
Ando a direito e o tempo cresce sem demorar
E faz-se tudo em guerras de prazer e sentimentos
É um redondo sem curvas que percorremos
Um caminho fechado com alterações a cada instante
É o bem e o mal que sem querer vivemos
Hoje sou certo e feliz, amanhã triste e errante...
Mas há sempre aquele ser que nos faz companhia
Que faz da vida um caminho inconstante
Alguém que nos mostra a luz e a magia
Sendo simples amigo ou grande amante
Andarei sempre no meu caminho estreito
Sim, vou continuar sem mudar o que sou
Sei que vou ter sempre um amigo perfeito
Que me diz onde irei e onde estou...
A minha vida podia ser um precipicio bem grande
Podia até ser um beco fechado e sem saída
Se é uma alegre estadia é porque há quem mande
Quem pessa e quem não a queira desentendida...
Escolhi um caminho onde há muita gente
Escolhi a estrada da mais pura alegria
Não é os amigos que eu trago na minha mente
É a minha vida por eles,
De que farei sempre uma fantasia!
*
Queria dedicar este pequeno, mas sentido poema a todos os meus amigos, principalmente aos que acompanham o meu (que eu considero) trabalho. Não vou falar em nomes, mas essas pessoas sabem bem quem são. Devo muito a eles, acreditar em algo que eu escrevo, é pra mim força para continuar a tentar entrar num sitio que desconheço e percorrer um caminho mediante as palavras que me forçam a olhar para trás. Espero que sintam a intensidade, assim como eu intensamente escrevi. Aproveitei para me deliciar num aspecto que me continua a marcar, as palavras e a vida, não sou escritor e muito menos poeta, mas é a melhor forma que encontro para me exprimir, criticar ou contar meras histórias. Obrigado pelos comentários, obrigado pelas criticas, obrigado pela forma como avaliaram a minha poesia e a minha pessoa, seria importante para qualquer um saber que não criamos nos outros má impressão nem más ideias, sou uma simples, não preciso de nada para viver além dos amigos e das vossas, e das minhas palavras. Obrigado por tudo, é apenas...A minha maneira de pensar...

5.4.06

Arder por dentro

Lerias tu a minha alma ensanguentada
Encontrarias o poço da felicidade?
Verias que para além de mim não há nada,
Enquanto morrias farta de maldade?
Ensinei-te a sofrer com calma e sem dor
Senti contigo a falta de sinceridade
Umas vezes ao frio, outras ao calor
Até que quebraste a mentira da verdade
Viveste um mundo de chamas congeladas
E mostraste-me um conhecimento que não praticas
Ocultaste as armas com que me matavas
Tanto tempo e que tão bem tu imitas!...
Eu fui só um tempo livre para ti
Um só mais um que enganaste
Morri aos olhos da cega que não vi
Orgulhosa do tempo que com tempo brincaste
Mostra quem és e quem no fundo sempre existiu
Eleva ao pecado essa dama sem respeito
Não teimes em ficar com o interior que te mentiu
Teima antes em solta-lo e acabar com o mal que está feito
Ouve a tua propria mente que te chama
A voz pura que no fundo ainda ficou
Raízes de alguém bom que tu e a ti te ama
De outros tempos que tudo e a ti te amou...
És fraca e forte, louca e viva
És quente e fria, amarga e doce
Mistura a minha voz muda ao que te diga
Faz o que foi como se feito já fosse
Ou detesta o que em ti és mal
Gostas do bem que é no fundo teu e teu somente
Ou mistura na alma um pouco de sal
Como fervilha o mar com ele fervilhará a tua mente!
Onde te foste meter que da vida não vês nada
Muitos rejeitariam esse teu solitário fim do mundo
Onde te foste tu meter, que da vida te viste cercada
Sinto que o teu corpo é morte, em calor profundo...
Esquece, perdeste-te para sempre
Num lugar que conheces bem
Tinhas tudo para olhar em frente
Impediste com o mal que o bom fosse alguém
Mente e continua a ser só tu sozinha
Encontra outra atitude de ruína
Noutro dia
Todos os dias dentro de ti
Onde a tua alma e na tua alma nunca se ilumina..

4.4.06

Obra do tempo

Assinei o teu nome em todo o lado
Poisei os braços sobre ti para te abraçar
Soltei as palavras que nunca tinha mencionado
Movi o mundo por ser impossivel amar
Doi saber que continuas tão distante
Tragos de dor ocupam o meu tempo
Fobia minha querer ser teu amante
Para sofrer sozinho com tudo cá dentro...
Trago no peito a tua imortal imagem
Ponho no ar o cheiro que de ti ficou
Encontro na memória apenas uma miragem
Pioneira da saudade que o vento nunca levou...
*
Acaricio o romance sonhado
Para me levar ao passado confuso
Atolado de muito ter amado
Livre de dor que nem um parafuso

Dantes era como vida e morte
Evoluida ao correr do tempo
Pisava o mau olhar e muito forte,
Elevava a felicidade a um só momento

Tempo que não posso congelar
Alma que sofre, alma que não pode amar
Para outro momento poder felicitar

1.4.06

Eu amo o sol, o sol da minha vida

Mais uma vez numa fantasia
Navego na mente um quanto tonto
Sinto sede e fome sadia
Sinto-me fraco mas sempre pronto
Leio nos olhos a verdade escondida
Uma citação que arde em vergonha
Mais uma que ficou perdida
E só sabe quem com ela sonha
Só eu sei e só sonho eu
A minha fantasia nem sequer tem cor
Mas é um sonho sempre meu
Viver negro o limite do amor
Mas o meu sonho é brilhante
E reluz com muita vontade
Por um lado sempre marcante
Por outro com mera vaidade
Não digo o que acontece
Nem consigo explicar o meu sonho
Por alguém que não merece
Ver a vida como eu a disponho
Será mais uma louca viagem
Um encontro perdido da memória?
Mas não encontro a minha margem
Nem o cais da minha história...
Navego ainda e sempre tonto
Uma vez mais noutra fantasia
Um sonho que se torna um conto
Sem cor e com brilhante poesia
Aquela luz que me tapa o olhar
E não me deixa ver uma saída
A luz intensa que me faz gritar,
Eu amo o sol, o sol da minha vida!