Pois ia...
Ia onde os ventos me levassem
Subiria ao encontro do céu distante
Tocaria no azul resplandescente
Ficaria apaixonado como se fosse seu amante
Pois ia...
Ia onde o sol não queimasse tanto
Fujiria do natural e do normal
Iria onde não houvesse mais ninguém
E fosse eu um único e simples mortal
Pois ia...
Ia onde a fantasia se tornasse real
Queria só o encanto que os livros nos dão
Entraria num conto de fadas
Onde não há ódio nem solidão
Pois ia...
Mas não posso fujir da minha realidade
Não se pode esquecer o mundo e o seu mal
Sou só um sonhador de um mundo melhor
E escritor do bem e do tormento abismal
Pois ia...
Pois ia onde se lesse apenas poesia
E onde tudo isto fosse verdade alcançada
Pois ia onde se passa a fronteira mortal
E os meus versos fossem fantasia sagrada