Nos verdes caminhos
E loucos sentidos
À parte da razão e da emoção
À parte de ser o que nunca fui
E andar sempre em solidão...
Sou mero andante de sorriso em punho
De Janeiro a Junho,
Sou placido e fraco de Julho a Dezembro
Sou um bocadinho em parte
Do que não vou querendo...
*
Nos anos mais vermelhos
Nos anos mais vermelhos
Ensanguentados mas adorados
Carrego deles fardos
E alargo-os ao triste amanhecer,
Sempre cedo de mais,
Sempre sem sol e sem os sons banais
Dos meses que alaranjam e perdem côr
E àqueles que nunca me vou opor
Para enriquecer em simpatia
E na minha alegria
Só eu saberei o seu sabor...
*
*
Nos momentos mais fechados
E aos meus sonhos atados
Largo-os para se entenderem
E sozinhos perceberem
Que não os posso realizar,
E junto ao mar,
E nunca por lá perto,
Faço da minha vida um deserto...
Faço do verde um incerto...
E do vermelho um caminho nunca aberto...

