28.12.05

Tu

Anjos perguntam-me se quero ser livre
Ateiam-me fogo para nao responder
Posso nao ser nada e nada ter
Mas não serei motivo para me esconder
Oriundo de outros mundos e lugares
Pacatas planicies e locais
Atado ao sentimento que me lavra
Entendo a dor de mim e dos demais
Mais nada posso fazer
Atado a esta tentação
Magoado por um furo profundo
Provocado pelo teu coração

21.12.05

Tempo

Entre o tempo que o tempo me tirou
Está o tempo que alguém levou,
O sol que fez desaparecer
E a luz que sem brilho imortalizou
O tempo de ter tempo
Que já no tempo ficou lento
Fechou-se mais ainda
Tornou-se num breve momento...
O brilho que via em ti
Apagou-se e não mais brilhou
Fiquei sem luz, sem sentido
E o que sentia já se acabou
Se houve tempo para dar tempo
Esse tempo não bastou
Ou brincaste com o meu tempo
E foi isso que me matou...

16.12.05

Expressão complicada

Queria dizer que te amo
Com todas as palavras do mundo
Queria usar todas as linguas
E que me acolhesses como vagabundo
Queria dizer que te amo
Sem o medo que me faz tremer
Queria que tudo saisse
E que nada pudesse perder
Queria dizer que te amo
Sem ter de gagejar
Queria que tudo fosse mais simples
Para ver a minha ferida sarar
Queria dizer o quanto te amo
Para veres que não consigo ser nada assim
Queria que me deixasses morrer
Que no amor tivesse eu fim...
Eu só queria... Dizer que te amo
E que tudo fosse natural
Queria pensar que era fácil
E aprender com o que está mal
Eu queria dizer que sim, que te amo
À pergunta que tu me farias
Mas nunca me viste como tal
Um essencial de todos os dias...
Eu queria sonhar a amar-te
E pensar que fosse verdade
Eu diria que te amava bem alto
Para que todos sentissem a minha vontade
Queria dizer-te tanto
E me entendesses perfeitamente
Sentisses a minha dor
Que me varre levemente
Eu só queria... Poder tudo expressar
Mas nem sou capaz de te falar
Vou ficar para sempre calado...
E Continuar a chorar...

14.12.05

o feito já feito

Feito o já feito
Fica nada por fazer
Faz-se dois do mesmo efeito
Fica feito sem nada se saber
Soubesse eu que sabia
Saberia o que fazer
Nao fazia se soubesse
O outro feito sem saber
Faço agora nada
Do sabido jeito
Sabia nada sem fazer
Fica agora ja feito
Dois feitos para nada
Feitos ficam sem usar
Uso agora o saber
Do feito feito sem mandar
Mando o segundo feito
Desfazer sem parar
Vão-me dois feitos agarrados
Ficam desfeitos sem mandar
Sem qualquer feito feito
Nem saber para emendar
Fico sem o jeito
De fazer sem mandar

13.12.05

Amor depois de morrer

Escrevo sem sentido,
palavras que o tempo escondeu
E sinto-me perdido, horrivelmente desentendido
Afastado e desligado deste destino que alguém me deu...
Não sei se hei-de amar, pretender ou gostar
Nem sei de que valores me fiquei por ti
Só sei que sei sonhar...
E acreditei no que vi...
Que nem um tonto numa espécie de solidão
Que nem um amor feito e fabricado de tentação
Sou a ansia em pessoa que espera sem mais não,
A amargura de uma falhada e triste traição!
Não, não serei mais eu a caminhar o futuro,
A viver só com ar puro e impuro
E a saborear o mar, a vê-lo afastar
A descer um monte
Para saber que a subida me vai custar...
Não cairei mais em pedras bicudas que me rasgam o coração
Voltarei a ser sozinho e se for preciso não te pedirei a mão,
Farei com que tudo seja sem tu fazeres parte
Com que cada segundo viva eu e só eu
Andarei só com a sombra e a alegria que prometeu amar-te
Só com a vidência que permaneceu e a loucura que por ti morreu...
Desisto de tentar sermos um
Prometo só eu ser dois ou três
Os que forem de mim que tu vês
Os que fizer de mim e em bom português,
Cantarei ao mundo quem tal me fez,
Direi tudo mais uma vez
Sofrerei e espetarei pregos a cada mês...
Se for preciso que te afastes outra vez!
Não és o doce que me acolhe em harmonia,
Nem a própria amêndoa amarga é mais azeda que o teu beijo
É mais que tu qualquer minoria, qualquer pouca coisa..
É mais belo que o teu qualquer mau desejo...
Afasta-te, fica longe para que possa ser só eu,
Não queiras que pense que tudo foi por maldade,
Mas se for só eu e o meu mundo este mundo meu,
Nem sequer irei sentir que um dia senti saudade...

8.12.05

Heartsong

Há algo em ti que me despertou
Há coisas em ti que me apanharam
Houve algum laço que se soltou
Houve certos movimentos que me encantaram...
Senti que num ápice, num momento abrilhantado,
Tinha sentido o prazer de te merecer
Mas foi apenas um pensamento enferrujado,
Que me varreu a mente sem eu querer!
Se não mostrasse eu o que te esperava
Mostrarias tu a face entristecida
E mostrei o que te enganava...
Foste embora sem me perdoar aquele dia...
Só peço ao vento que em ti baterá
Que me leve a mensagem endoidecida
Porque se te quisesse fazer mal
Não serias a mágoa da minha vida...
E fico com o coração marcado,
E permaneço em triste ironia...
Vou ser eu a matar o passado
Vais ser tu a voltar um dia!