Escrevo sem sentido,
palavras que o tempo escondeu
E sinto-me perdido, horrivelmente desentendido
Afastado e desligado deste destino que alguém me deu...
Não sei se hei-de amar, pretender ou gostar
Nem sei de que valores me fiquei por ti
Só sei que sei sonhar...
E acreditei no que vi...
Que nem um tonto numa espécie de solidão
Que nem um amor feito e fabricado de tentação
Sou a ansia em pessoa que espera sem mais não,
A amargura de uma falhada e triste traição!
Não, não serei mais eu a caminhar o futuro,
A viver só com ar puro e impuro
E a saborear o mar, a vê-lo afastar
A descer um monte
Para saber que a subida me vai custar...
Não cairei mais em pedras bicudas que me rasgam o coração
Voltarei a ser sozinho e se for preciso não te pedirei a mão,
Farei com que tudo seja sem tu fazeres parte
Com que cada segundo viva eu e só eu
Andarei só com a sombra e a alegria que prometeu amar-te
Só com a vidência que permaneceu e a loucura que por ti morreu...
Desisto de tentar sermos um
Prometo só eu ser dois ou três
Os que forem de mim que tu vês
Os que fizer de mim e em bom português,
Cantarei ao mundo quem tal me fez,
Direi tudo mais uma vez
Sofrerei e espetarei pregos a cada mês...
Se for preciso que te afastes outra vez!
Não és o doce que me acolhe em harmonia,
Nem a própria amêndoa amarga é mais azeda que o teu beijo
É mais que tu qualquer minoria, qualquer pouca coisa..
É mais belo que o teu qualquer mau desejo...
Afasta-te, fica longe para que possa ser só eu,
Não queiras que pense que tudo foi por maldade,
Mas se for só eu e o meu mundo este mundo meu,
Nem sequer irei sentir que um dia senti saudade...