Este espaço curto de terra
Que me prende, que me deseja,
E não me solta o chamamento...
Este canto sombrio onde vivo
Que me intimida, que me mata,
E desmaio naquele momento...
A saborear o imaginário
A saborear o imaginário
A aprender tudo comigo
Sou um triste único e só
Um alguém de rasto vadio
Sem viver, sem sentir gente
Sem que me aperte o frio ardente
Sou louco e frio quente
Sou amante de imaginária gente...
No canto da solidão
No canto da solidão
Na triste escuridão
Num buraco fechado
Ou num alçapão...
Sou ninguém, um insecto gigante
Sou pobre, mudo e irritante
Porque me metem aqui e sentem felicidade
Apenas para me ver longe sem que me contem a idade?
Estou cheio de ser ninguém...
Estou cheio de ser ninguém...
E viver sempre um passado...
Porque tudo é igual, e tudo é um fim fatal
Se já sei, se já não me salvam nem me querem
Morrer antes do tempo será morte igual...